Estou correndo.
Não, não é uma metáfora.
Todo dia eu coloco meu tênis velho e saio de casa.
Queria correr na rua, mas não dá, aqui não tem onde.
Escolhi uma academia perto da minha casa.
Ela é pequena e quente pra caramba, mas eu gosto.
Quando chego, só cumprimento a recepcionista,
não conheço mais ninguém e nem quero.
Vou lá, acredite se quiser, pra ficar só.
Coloco os fones nos ouvidos, ligo meu MP4 e
me dirijo até o local onde ficam as esteiras,
escolho a mais ferrada e subo nela.
No começo é difícil se concentrar,
mas depois dos primeiros vinte minutos
consigo me desligar totalmente do mundo.
Agora sou apenas eu e a estrada que se desenha na minha cabeça.
É quase um transe.
Não sinto mais o esforço,
nem sequer as pernas reclamam,
meu corpo está anestesiado.
Corro sem pensar em nada.
Entre um pique e outro, caminho
e nesses momentos me permito fechar os olhos.
Perco totalmente a noção do resto do mundo,
sou só eu e o caminho a ser percorrido.
Esse momento é meu,
sei disso e aproveito cada segundo.
Começo a correr novamente,
sem me preocupar com o tempo
a mente está vazia,
o coração calmo.
Uma hora meu corpo finalmente começa a dar sinais de cansaço.
Sinto que a hora de parar está próxima.
O cérebro não quer, mas as pernas não aguentam mais.
Nessa hora, curiosamente,
eu sempre presto mais atenção na música que está tocando.
A de hoje dizia "And i'm racing down a road i don't recognise ",
ouvi isso e apertei o passo, corri com mais vontade que nunca,
eu estava totalmente livre.
Quando acabo, vou embora do mesmo jeito,
sem trocar palavra com ninguém.
Sigo até minha casa cantando a última música que ouvi,
algumas pessoas olham curiosas,
mas eu nem ligo,
estou em paz.
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