quarta-feira, 14 de março de 2012

Velhice

Volta e meia, quando saio pra correr, encontro duas senhoras que caminham na calçada. A julgar pela aparência, devem ter mais de 70 anos de idade. Elas seguem num andar muito vagaroso e sempre estão de mãos dadas. É que a marcha já não é lá essas coisas, então o apoio mútuo se faz necessário para que consigam andar. Apesar do corpo mostrar sinais inegáveis de cansaço, ambas sorriem constantemente e eu consigo ver a tranquilidade que repousa em seus lábios e olhos quando o fazem. Em seus rostos amigáveis, enxergo a serenidade que só se adquire com o passar dos anos, quando já não somos movidos pelas paixões e nossa susceptibilidade ao arrebatamento está quase adormecida. Não mais nos entregamos a vaidade ou ao orgulho e até mesmo as intempéries perdem a capacidade de nos abalar profundamente. Imagino que essa constância da alma é a recompensa merecida que vem para aqueles que passaram por tudo, mas nunca se entregaram. Para os poucos que apesar de, se mantiveram de pé.
Passo por elas e olho pra trás. Penso por um segundo se um dia serei capaz de sentir essa calma quase inquebrantável. Lembro dos quilômetros que tenho pela frente, sorrio e aperto o passo.



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